A
Beija-Flor conquistou seu 13º título do carnaval carioca com um enredo em
homenagem à Guiné Equatorial, país pobre da África Ocidental que vive sob o jugo
de um mesmo ditador há 35 anos e do qual teria recebido R$ 10 milhões para o
desfile - a escola confirma só R$ 5 milhões. Com 269,9 pontos, ficou quatro
décimos acima do segundo colocado, o Salgueiro. Em seguida, pela ordem, vieram
Grande Rio, Unidos da Tijuca, Portela e Imperatriz. As seis voltam a desfilar
no sábado, na Marquês de Sapucaí, a partir de 21h30.
Uma
das favoritas ao título, a Mocidade Independente, que contratou ano passado o
carnavalesco Paulo Barros, grande vencedor dos últimos anos, acabou em sétimo
lugar e, por isso, não estará no sábado das campeãs. Já a Viradouro, que subiu
do segundo grupo em 2014, foi novamente rebaixada. Enquanto a Mangueira (10º)
teve a terceira pior classificação em 86 anos de história.
Em
2014, a Beija-Flor terminou na sétima colocação e isso gerou uma série de
protestos de seus dirigentes à Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo
Especial do Rio (Liesa), responsável pelo desfile. Ao longo dos últimos meses,
20 dos 36 julgadores de 2014 foram substituídos. O presidente da escola, Farid
Abraão David, comemorou a vitória com ênfase. “Finalmente fizeram justiça.”
Durante o desfile da Beija-Flor, o vice-presidente de Guiné Equatorial, Teodoro
Obiang Mangue, filho do ditador, dançava e cantava o samba. Ele ficou num
camarote particular com cerca de 40 convidados de seu país. A comitiva fechou
um andar no Hotel Copacabana Palace, o dos quartos mais caros. Seu pai, Teodoro
Obiang, não veio ao Brasil. Ele é bilionário, segundo a revista Forbes,
enquanto a maior parte dos habitantes do país vive na miséria.
A
disputa entre Beija-Flor e Salgueiro foi acirrada até o penúltimo quesito,
enredo, no qual a diferença de décimos aumentou e praticamente selou a vitória
da escola de Nilópolis, na Baixada Fluminense. Seu desfile foi marcado pela
habitual suntuosidade das alegorias e fantasias e pela garra tradicional de
seus componentes, quase todos da comunidade. Eles haviam sido instados a
“vingar” o insucesso de 2014 e tiveram de ensaiar exaustivamente.
O
intérprete da escola, Neguinho da Beija-Flor, comemorou duplamente, pois
completou 40 anos na Azul e Branco. “Quase morri do coração.” Desde o início da
tarde desta quarta-feira, milhares de torcedores se aglomeravam fora e dentro
da quadra da escola, esperando pelo resultado. A festa parou a cidade.
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