Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) chega para falar sobre a decisão do Supremo Tribunal FederalO
presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguiu definir com
seus aliados um formato de gestão da Casa de forma que ele, mesmo longe do
cargo, consiga manter a influência sobre suas atividades.
A
ideia é manter o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), no
posto. No entanto, quem comandará as sessões plenárias e a reunião de líderes
partidários para definir a pauta de votações serão o segundo-vice-presidente
Fernando Giacobo (PR-PR) e o primeiro-secretário Beto Mansur (PRB-SP), ambos
integrantes do chamado “centrão”, grupo liderado por Cunha.
O
formato será ainda repassado pelo Palácio do Planalto, que tem agora à frente o
presidente da República em exercício, Michel Temer. O ministro da Secretaria de
Governo, Geddel Vieira Lima, conversou nesta sexta-feira (13), por telefone com
Maranhão, que demonstrou disposição em colaborar com a nova administração.
“Vamos construir um entendimento”, disse Geddel. Eles devem conversar
pessoalmente neste fim de semana.
A
decisão de Temer, por ora, é de não se envolver na discussão em torno da
presidência da Câmara. Os aliados dizem que o presidente em exercício não quer
repetir o erro da presidente afastada Dilma Rousseff na disputa pela
presidência da Casa, no ano passado. O governo petista patrocinou a candidatura
do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), derrotado no primeiro turno, e Cunha,
irritado com a participação direta de ministros de Dilma na campanha de
Chinaglia, criou uma pauta-bomba.
Auxiliares
de Temer sustentam que os possíveis candidatos a presidente da Câmara, como
Jovair Arantes (PTB-GO) e Rogério Rosso (PPS-DF), foram favoráveis ao
impeachment e estão na linha de frente de sustentação do novo governo.
Portanto, não há razão para o governo apoiar um nome específico. O discurso de
Temer será de que é um tema do Legislativo.
Conhecido
como um parlamentar “hesitante”, Maranhão ganhou força para se segurar após
procurar nesta semana o apoio de Cunha para continuar no cargo. Interlocutores
contam que os dois têm se falado nos últimos dias e, desde então, os partidos
do “centrão” (PTB, PSD, PSC e PR) passaram a defender a tese de deixar o
pepista na presidência, mas sem poder de decisão. As siglas integram hoje a
base de apoio de Temer e são velhas aliadas do presidente afastado da Casa.
“Essa proposta é de Eduardo Cunha, que quer o comando da Casa fragilizado. Ele
quer continuar manietando”, concluiu um oposicionista de Maranhão.
O
problema, porém, é que partidos que integram a base de Temer rejeitam a
manutenção da influência de Cunha. “Cunha continua conduzindo a Câmara à
distância”, protestou o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM). Nesse sentido,
PSDB, DEM e PPS pressionam para que Maranhão renuncie. “Não tem renúncia. Sem
renúncia”, balbuciou nesta sexta-feira o pepista, acrescentando que é preciso
“administrar o País”.
DEM,
PSDB e PPS dizem que vão insistir na busca de uma solução permanente para
situação de Maranhão, mas que não vão obstruir o fluxo de votação dos projetos
do governo Temer. “Essa é uma queda de braço. Tem de dar uma solução, mas como
vai se dar, não sei”, disse outro candidato a líder do governo, deputado Rodrigo
Maia (DEM-RJ).
Estadão
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